domingo, 13 de fevereiro de 2011

De olho no piolho

Lenços, tocas de banho e até sacos plásticos usados como capuz. Por dentro, doses fartas do pó tóxico Neocid, deixando nossa cabeleira grisalha. Era até engraçado ouvir o tic-toc da latinha sendo apertada para bombear o veneno branco por um buraquinho aberto com prego. Éramos proibidos de coçar enquanto o Neocid agia. “Não coça, não. Eles estão morrendo. É bom para matar as lêndeas (os filhotes do piolho)”, orientava quem aplicava. Para completar a operação, mamãe pegava uma folha de papel ou um pano e passava o pente-fino no cabelo. Este é o retrato do combate, liderado por nossas mães, a uma verdadeira epidemia social. O piolho não saía de nossas cabeças no primário e não era por descuido. Era só a cabeça começar a coçar pra coisa ficar muito desagradável e a batalha começar. Outra maneira de combatê-los era a dos macacos: sábado à tarde, nossas mães nos colocavam no colo e começavam a catar e a esmagar os insetos sangue-sugas com as unhas dos polegares. Quando achava um grande, diziam: “ó que boi!” Quem tinha muito cabelo, dizia-se que estava “pingando piolho”. Piolho era também apelido de menino comprido e magro.

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