terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Asdfg, asdfg, asdfg...

Num mundo dominado pela informática e no qual praticamente não se fabricam mais máquinas de escrever, as pesadas Olivettis são coisa de saudosita. Feliz quem sujou os dedos trocando ou ajeitando as fitas de tinta que se esticavam na frente do rolo de papel. Com mecanismo que lembra o dos pianos, martelávamos as letras para fazer correspondência, comunicados, listas e trabalhos escolares. Tudo com muito esmero. Até preencher um cheque com menos risco de adulteração. Em Curvelo havia boas escolas de datilografia (ainda existem?), naqueles estabelecimentos comerciais que podiam abrigar mercearias. Ser datilógrafo era pre-requisito para qualquer um que quisesse pleitear o primeiro emprego que não fosse puramente braçal. Não me esqueço das placas metálicas usadas nas aulas de tec-tec-tec para ocultar as mãos sobre as teclas. A primeiríssima lição era: asdfg, asdfg, asdfg, que os dedos esquerdos tiravam até o cérebro incorporar a disposição de cada "pretinha". Quem não aprendesse isso era um "catador de milho", que não conseguia usar os 10 dedos e manter a visão na tela (digo, papel). Jornalista e escritor ainda tiro meu sustento e minha satisfação do teclado, só que agora também chamados de "keyboards", dos onipresentes computadores. Havia um tempo que o chique era levar a maletinha com uma levíssima Facit para escrever os textos.