segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Inseticídio

Parecia que estávamos em estado permanente de guerra com o mundo do insetos. As mudanças de estação, um lote capinado ou um alimento esquecido atrás do sofá eram suficientes para mobilizar exércitos de formigas e outros bichos para atacarem nossos lares. A resposta era igualmente implacável com muito DDT. Os detetizadores vinham iguais aos Caça-Fantasmas do cinema. O maior deles era o Seu Joaquim, uma figura folclórica, que bombeava um veneno branco, de fórmula própria, carregado nas costas num severo cilindro. Além de detetizar, o mais famoso profissional do ramo em Curvelo, também divertia os clientes com piadas, imitações de cachorros, solvejos que pareciam trompetes e outros números dignos de um artista de palco. Um cara altão e de olhos claros, que lembrava o ator global Jardel Filho, Joaquim era uma peça raríssima, o capitão desse inseticídio de rotina em nossas casas. Quando ele entrava, era uma mobilização geral, atacando cômodo por cômodo e desferindo maior força nos ralos. Tudo sem usar máscaras. Dizia que bastava um copo de leite.