sexta-feira, 24 de junho de 2011

Guerra de mamonas

Elas não eram assassinas, mas formavam nosso principal arsenal de guerra travada as ruas e praças da cidade. As guerrinhas de mamonas colocavam em lados opostos pequenos grupos de meninos curvelanos, que tinham nos lotes baldios o paiol de munição. Esferas verdes com cerdas flexíveis eram atiradas, num interminável fogo cruzado. Não me lembro se chegavam a machucar. Era quase um paintball primitivo. A oleoginosa só voltou a ganhar fama nos anos 1990 com a banda pop inspirada nela e nas tentativas frustradas do governo de transformá-la em matéria-prima para biocombustíveis. Abundantes no cerrado mineiro e nas mãos dos guerrilheiros das tardes quentes da Curvelo de 30 anos atrás. Fazíamos a versão sertaneja da batalha de bolas de neve dos meninos do hemisfério norte no inverno.